Resguardar o patrimônio cultural e histórico, enquanto se pede que seja encontrada uma alternativa adequada para os motorhomes, que são bem vindos, está longe de ser hostilidade. A hostilidade é ao patrimônio cultural, este sim vítima da negligência pública, não de agora, em se permitir que o valor que a escultura empresta à paisagem seja subtraído pelos obstáculos que interferem entre o monumento e os que querem contemplá-lo. Isso sem que um olhar sensível, sobretudo das mentalidades mais preparadas, recaía sobre o fato. Nenhum outro lugar que tenha pretensões turísticas e bom nível educacional permitiria tal desagravo a um ícone dessa importância, visto por alguns como se fosse apenas uma coisa qualquer que atenua o sol escaldante para os que ali , também, organizam farras, sob sua sombra.




Mas estamos em Ilhéus, onde se elogia os predicados turísticos da cidade vizinha, Itacaré, mas não se leva em conta que esta não permite o ingresso de ônibus turísticos na zona urbana, quando estes pretendem se dirigir às praias e ali estacionar. Estaria também Itacaré enxotando turistas? Sugerimos alternativa para motorhomes, sim, pois ali não é adequado para estacionamento. Da mesma forma e pelos mesmos motivos, indicamos a área entre a nova pista e a Av. Dois de Julho, a 20 metros dali, para que os frequentadores daquela praia possam estacionar seus veículos sem nenhum prejuízo ao lazer.
Resguardar o visual da estátua, o seu valor na paisagem livre e desimpedido, mantendo intocável o seu potencial de divulgação de Ilhéus através das milhares de fotografias e vídeos que já circularam e continuarão a circular pelo mundo, além de sua proteção material, é a nossa intenção. Não é lúcido que seja permitido a interposição de obstáculos no seu arredor. É preciso fazer uma delimitação que distancie veículos que hoje ali param, literalmente, nos pés do Cristo Redentor de Ilhéus, consentindo que apenas pessoas possam se aproximar da obra artística, construída e idealizada para ser vista.

Os demais motivos são do imaginário dos que a idealizaram em 1941, projetada pelo renomado artista italiano Pasqual De Chirico. Para melhor esclarecimento dos interessados sugiro a leitura do Artigo – “De Braços Abertos na Entrada do Ancoradouro”: O Monumento ao Cristo Redentor de Ilhéus, cujo autor é Danilo José Messias Marques, especialista em História do Brasil pela Universidade Estadual de Santa Cruz, cujo link segue: https://nossailheus.org.br/artigo-de-bracos-abertos-na-entrada-do-ancoradouro-o-monumento-ao-cristo-redentor-de-ilheus/
E já aproveito para destacar parte do seu texto:
“Ao circularmos pela cidade, nos deparamos com uma diversidade de imagens e símbolos que, por sua localização ou singularidade, acabam servindo de orientação para seus habitantes.”
De acordo com o urbanista Kevin Lynch, esses “elementos marcantes” constituem-se como verdadeiros pontos de referência, funcionando como indicações seguras do caminho a seguir. Alguns desses elementos são tão eficientes, que acabam se consolidando como verdadeiros marcos urbanos, que segundo Leonardo Oba, “são produtos sociais e culturais vinculados ao processo de construção da cidade e da sua identidade”. Esse é o caso do Cristo Redentor de Ilhéus, que ao longo dos anos foi consagrado como uma referência espacial que extrapola a simples denominação de uma praia, destacando-se por sua importância histórica e identificação com os habitantes”.
Alcides Kruschewsky Neto