A Capela de Nossa Senhora de Santana, construída no século XVII, é um dos mais raros exemplos de edificação religiosa rural no Brasil. Localizada no antigo Engenho de Santana, de propriedade de Mem de Sá, terceiro governador-geral da colônia portuguesa, a capela foi doada aos jesuítas do Colégio de Santo Antão de Lisboa pela filha do administrador colonial, a Condessa de Linhares. Hoje, essa joia histórica, construída em alvenaria de pedra e cal, está em risco de desaparecer devido à falta de manutenção e à ação do tempo. Situada em uma propriedade privada da Família Maranhão, a capela enfrenta sérios problemas estruturais, agravados pela falta de um sistema de drenagem adequado, que ameaça levar parte do terreno e a própria construção para o rio Cachoeira.
O Ministério Público Federal (MPF) alerta para o estado de degradação da capela, destacando a falta de ações concretas por parte do IPHAN, IPAC e do Município de Ilhéus. Apesar de obras emergenciais terem sido realizadas entre 2012 e 2013, a situação piorou ao longo dos anos, com infiltrações, deslizamentos de terra e danos à estrutura da capela. A Família Maranhão, proprietária do terreno, já declarou não ter condições financeiras para a manutenção do imóvel, mas se mostrou disposta a colaborar com as autoridades para a preservação deste patrimônio histórico. O MPF instaurou um Inquérito Civil e propôs uma Ação Popular para garantir a restauração e a manutenção contínua da capela, que é a quinta igreja mais antiga do Brasil.
A Capela de Nossa Senhora de Santana não é apenas um símbolo religioso, mas também um testemunho vivo de mais de 500 anos de história e cultura brasileira. A falta de um sistema de drenagem e a ação do rio Cachoeira colocam em risco a integridade da construção, que pode desaparecer caso medidas urgentes não sejam tomadas. O MPF pede a elaboração de um projeto executivo de restauro e a implementação de um plano de gestão compartilhada entre o IPHAN, o IPAC e o Município de Ilhéus. A preservação deste patrimônio é essencial para que as futuras gerações possam conhecer e valorizar a rica história do Brasil.