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Profissionais do Materno-Infantil visitam aldeias para novas rodas de conversa e avaliação do atendimento ofertado

Profissionais médicos, psicólogos, enfermeiros, representação da Educação Permanente e diretores do Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus, estiveram ontem (06) reunidos com mulheres indígenas das aldeias Itapoan e Igalha, no Território Tupinambá de Olivença e, juntos, debateram aspectos relacionados ao processo de gestação. A iniciativa faz parte de mais uma das etapas do cumprimento das metas do Plano de Atenção Especializada aos Povos Originários (IAE-PI) que habilitou o Materno-Infantil de Ilhéus como a única unidade da Bahia especializada no atendimento à população indígena do estado. O hospital é do Governo da Bahia, administrado pela Fundação Estatal Saúde da Família (FESF SUS).

“A proposta é ensinarmos e aprendermos”, destaca a diretora-geral do HMIJS, enfermeira Domilene Borges. “É um momento rico de contribuições, quando debatemos o processo do parir no passado, suas expectativas, anseios e medos, numa objetiva troca de interculturalidade dentro do processo do IAE-PI”, completa. Esta não é a primeira visita às aldeias feita pela equipe multiprofissional. Mas sempre há uma renovação na equipe visitante para ampliar cada vez mais o leque de conhecimento dos colaboradores do hospital.

“Obviamente que seria cômodo caso eles viessem até a nós para fazer esse diálogo”, afirma o diretor-médico Samuel Branco. “Mas a ida de profissionais para esse ambiente, na construção também do imaginário dos profissionais, traz para eles uma realidade que não se vivencia na área urbana, a exemplo da aldeia, do acesso, da cultura. Quando a gente os leva, eles constroem esse trajeto que o paciente vive todos os dias, as dificuldades para acessar os serviços de saúde. A ida às aldeias também é um processo educacional”, assegura o diretor-médico.

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A indígena Edna Juerana Tupinambá, que tem dois filhos, disse que esse é um momento extremamente importante para os dois lados. “Ter aqui uma equipe que quer saber o que precisa melhorar em nosso atendimento e entender que há um comprometimento com o nosso povo”, destacou. O médico Samuel Branco explica que esse feedback também faz parte de uma avaliação contínua exigida na habilitação do hospital. “O processo de melhoria tem que ser contínuo”, completa.

Dentre as metas previstas estão a implantação permanente das diretrizes gerais que norteiam o programa, que vão desde a melhoria no acesso das populações indígenas ao serviço especializado; adequação da ambiência de acordo com as especificidades culturais; e ajuste de dietas hospitalares considerando os hábitos alimentares de cada etnia. A iniciativa conta ainda com o acolhimento e humanização das práticas e processos de trabalho dos profissionais em relação aos indígenas e demais usuários do SUS, considerando a vulnerabilidade sociocultural e epidemiológica de alguns grupos.

De acordo com o projeto, também estão previstos o estabelecimento de fluxo de comunicação entre o serviço especializado e a Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena, por meio das Casas de Saúde Indígena (CASAI) e a qualificação dos profissionais que atuam nos estabelecimentos que prestam assistência aos povos indígenas quanto a temas como interculturalidade.

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Com 229.103, a Bahia conta com a segunda maior população indígena no país, o que representa 1,62% dos habitantes do estado. Salvador é a segunda capital mais indígena do Brasil. No ranking das 50 cidades do Brasil com maior comunidade do grupo étnico, a Bahia ainda conta com Porto Seguro, em 14°, e Ilhéus, 21°. Entre a pesquisa de 2010 e de 2022, ocorreu em todo o Brasil um acréscimo de 88,8% no contingente absoluto de pessoas que se autodeclararam indígenas.

O Hospital Materno Infantil Dr. Joaquim Sampaio conta com 105 leitos, destinados à obstetrícia, à gestação de alto risco, pediatria clínica, UTI pediátrica, UTI neonatal e centro de parto normal, integrados à Rede Cegonha e atenção às urgências e emergências, com funcionamento 24 horas e acesso por demanda espontânea e referenciada de parte significativa da região sul da Bahia. O investimento do estado foi de aproximadamente 40 milhões de reais, entre obras e equipamentos. Até aqui a unidade já realizou mais 7.200 partos. Deste total, 273 foram de bebês indígenas.

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